quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Contraponto

Acabo de postar no blog “apenas dois pontos” sobre a má formação de jovens, e critiquei sua falta de compromisso com a faculdade, ficando nos bares dos arredores no período de aulas.

Como contraponto:

Já era meia noite, e em breve os ônibus seriam recolhidos. Ainda assim, uma estranha sensação de paz e adequação me contaminava. A meu redor, alguns amigos e outros nem tanto, mas que naquele momento sob influência etílica eu confiava, me garantiam o transporte para casa, pedindo que eu ficasse.

Tratava-se de um pacto para que não deixássemos a noite acabar. A conversa tão boa, tão sincera! Opiniões fortes e categóricas recebidas com riso e aprovação. Em curtos momentos, meus olhos turvos da fumaça de cigarros fitavam a multidão espalhada nas calçadas, em algazarra.

Uns poucos neurônios sóbrios se lembravam dos compromissos do dia seguinte, mas uma aparentemente interminável ponte de sono e inconsciência separaria os momentos de descontração naquele local do dia de atividades que me esperava amanhã. Era como se aquele mundo fosse acabar no momento em que eu fechasse os olhos, e outra realidade fosse me receber no dia seguinte.

Talvez por isso todos lutavam para manter os colegas ali, juntos, desafiando o relógio copo após copo – apegados àquele mundo irreal e esfumaçado que inevitavelmente fugia de nossas mãos.

Chega um momento, porém, em que mesmo bêbados nos damos conta da ilusão que estamos vivendo. Então, acordados da catarse, um desânimo grande e os primeiros indícios da intoxicação alcólica nos pedem para desistir de mais este sonho, de mais esta paixão. A conversa fica repetitiva, os pés doem, você começa a pensar na conta a pagar. O mundo que parecia compartilhado passa a ser solitário e você questiona se realmente havia parceria.

É hora de deixar-se ir embora, talvez reencontrar este momento na brisa de outra noite de verão, no convite doce dos amigos para mais algumas horas de ilusão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário