sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A História do Brasil numa história (relativamente) curta

“Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”
– George Santayana (1863-1952)

Apesar de ter estudado em uma boa escola, não importava quão interessante uma matéria podia  me parecer. Eu estava ocupado demais construindo minha personalidade, tentando me sociabilizar e ainda tirar boas notas – este último um desvio de função que realmente atrapalha o aprender.

Pois foi agora, perto dos 40 anos de idade, que decidi retomar meu interesse pela história. Venho estudando história da arte no Khan Academy (www.khanacademy.org), mas em especial o momento era propício para a história do Brasil. Acredito veementemente que entender a história de nossa política e a raiz de nossas dificuldades atuais pode nos guiar pelo labirinto de ódio e de pessoas com “certeza absoluta” sobre suas opções. O ódio nunca foi um bom conselheiro.

Escolhi o livro de Eduardo Bueno por ter uma boa impressão de suas entrevistas na TV. Ele parecia dar um refresco ao estudo da história do Brasil, interpretá-la com um olhar mais distante, diferente daqueles que a codificaram e ideologizaram durante o período militar. É certo que toda a opinião tem ideologias por trás, mas eu queria mais fatos, para que pudesse eu mesmo checar as interpretações que deles derivaram.

“BRASIL, uma história – Cinco séculos de um país em construção” é ótimo! Leitura leve, mas com bom nível de detalhe e encadeamento de ideias. Cumpre bem a proposta. Não tem cara de livro didático, e te faz prolongar as sessões de leitura.

Passando pelos nomes importantes de nossa história, que vemos nomeando ruas e avenidas, tive maior conhecimento sobre o descobrimento, a relação entre os países europeus que por aqui deitaram seus interesses, nossa independência, a república, a escravidão, os ciclos econômicos, Getúlio Vargas, período militar, Diretas já, enfim, aqueles temas que não nos são estranhos, mas que fazem mais sentido se apresentados em sequência curta, mesmo que com menos detalhes. O autor fala de Collor, FHC, Lula e mesmo o início do governo Dilma, com um olhar suficientemente distante. Não endeusa nenhum deles, fala de acertos e erros, e de nossa relativa dificuldade em superar problemas pela fraqueza de nossas instituições.

Faz também um bom retrospecto de nossa cultura. Esta parte é particularmente interessante para quem gosta de literatura e música. Teve apenas um pequeno deslize, ao apresentar o Chacrinha como “mais brilhante, mais tropicalista, mais antropofágico, mais macunaímico e mais brasileiro” dos apresentadores. Teve sua importância, é óbvio, mas é preciso umas doses na cabeça para usar o adjetivo “macunaímico”.

Algumas Frases:

“... Thomas Ewbank, também britânico, dizia que, no Brasil, “um jovem preferiria morrer de fome a abraçar uma profissão manual”. Segundo ele, a escravidão tornara “o trabalho desonroso – resultado superlativamente mau, pois inverte a ordem natural e destrói a harmonia da civilização”.

“D. Pedro II parece ter percebido a verdade contida na frase do senador Holanda Cavalcanti: “Nada se assemelha mais a um saquarema do que um luzia no poder”. “Luzias” eram os liberais, e “saquaremas” os conservadores: embora em tese fossem adversários irreconciliáveis, no fundo eram farinha do mesmo saco.”

“Dutra era uma figura caricata, sobra a qual surgiram muitas piadas. Uma delas contava que, ao ser cumprimentado por Truman, que dissera “ How do you do, Dutra”, o marechal de imediato respondeu: “How Tru you Tru, Truman”







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